Edgar Passos

No momento em que os servidores públicos enfrentam a pandemia para garantir o direito à saúde, educação, assistência social e segurança de todos, a Prefeitura de Poá resolveu sorrateiramente aproveitar calamidade para impor um verdadeiro desmonte dos serviços públicos municipais com o PL 26/2021.

Com ele, o executivo pretende impor de uma só vez: o congelamento por tempo indeterminado dos salários e dos planos de carreira, o estabelecimento de jornadas de trabalho sem hora de almoço e dias de descanso, e até o corte do vale alimentação, comprometendo a segurança alimentar de seus trabalhadores no momento em que o preço dos alimentos dispararam.

Na tentativa de aprovar essa proposta escandalosa, executivo e parte do legislativo municipal usam a lei de responsabilidade fiscal e o discurso de calamidade financeira para encobrir sua real intenção: acomodar indicados políticos comissionados e realizar contratos duvidosos com empresas privadas.

Uma recente apuração do Diário Poaense constatou que só o executivo já acomodou 106 comissionados com salários de até R$ 12.000,00, representando uma despesa de quase R$ 10 milhões anuais. Enquanto isso, de maneira covarde, a prefeita e seu secretariado foge do debate público, como na audiência pública da última sexta-feira (18), demonstrando que a indecência da proposta constrange mesmo aqueles que assinam o projeto.

Além de atacar diretamente os direitos trabalhistas dos servidores, o PL 26 também aprofunda a crise econômica no município, pois vai retirar imediatamente R$ 1 milhão de reais de circulação no comércio de alimentos da cidade, com o corte do vale alimentação.
Isso quando a cidade precisa exatamente do oposto: um plano de investimentos no combate à fome, ao desemprego e ao vírus, financiado com os milhões abocanhados por indicados políticos e contratos duvidosos. Também é necessário exigir a atuação dos governos federal e estadual para a cidade superar os efeitos devastadores da atual pandemia.

Por isso os servidores de Poá estarão nesta terça-feira em frente a Câmara, realizando manifestação unificada e assembleia geral, que pode apontar para a paralisação da categoria caso essa proposta imoral siga tramitando na casa de leis. Dessa forma os trabalhadores ocupam mais uma vez a linha de frente, agora na defesa de nossos direitos trabalhistas e da própria existência dos serviços públicos, que garantem o direito à vida e ao futuro do nosso povo!

Foto: Lenilson Carlos Moutinho

Edgar Passos é lider sindical e Coordenador Geral da Associação dos Servidores de Poá – Juntos Somos Mais Fortesssociação dos Servidores de Poá

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