“Estamos trabalhando de mãos amarradas” afirma Marcia Bin - POÁ COM ACENTO
A prefeita de Poá, Márcia Bin (PSDB) recebeu em seu gabinete a reportagem do portal POA COM ACENTO, para falar de seus 7 meses de gestão, que avalia como positiva, “dentro do que tem sido possível fazer” e reclamou que, em certo ponto, trabalha engessada pelo orçamento do antecessor, Gian Lopes (PL) e não tem margem para investimentos em obras
Sergio Rodrigues
Enquanto candidata já fadada à vitória, na eleição municipal do ano passado, Márcia Teixeira Bin de Souza (PSDB) prefeita vencedora nas urnas, já tinha uma ideia dos problemas que encontraria a partir de 1º de janeiro deste ano, data de sua posse. Porém, não imaginava que o buraco era tão mais fundo. “Foi um choque, encontramos uma caixa preta”, disse ela. Corte de 20% nos salários dela e da equipe de governo; redução de benefícios, suspensão de horas-extras, dispensa de aposentados e comissionados, além de outras medidas necessárias acabaram por desagradar alguns cidadãos e deram munição à oposição, de quem a prefeita reclama pela oposição sistemática.
Sobre este e outros temas atinentes aos seus primeiros sete meses no comando do município, completados no dia 31 de julho último, ela discorreu a respeito na entrevista ao portal POA COM ACENTO.
POA COM ACENTO: Inicialmente, qual balanço a senhora faz dos sete meses de gestão?
Márcia Bin – O governo está fluindo. Pegamos a cidade quebrada, sem dinheiro para obras, a folha de pagamento em 72%. Para começar a governar, tivemos que adotar medidas duras, como dispensar funcionários comissionados, dispensar aposentados, cortamos nossos salários (da equipe de primeiro escalão) em vinte por cento, devolvemos vários imóveis que estavam locados para a prefeitura.
Em sua opinião, houve avanços nestes 7 meses?
Marcia Bin – Acredito que sim, aos poucos estamos evoluindo. Trouxemos o Poupatempo, a vacinação está avançada, diminuímos a folha de pagamento em 6% (hoje está em 66%).
Comerciantes no Centro e moradores nos bairros estão pedindo mais segurança pública. O que o governo municipal pode ou pretende fazer nesta área?
Estamos finalizando a licitação para o monitoramento da cidade por câmeras. Em setembro, teremos verbas para investir na segurança dos bairros, melhorando a iluminação pública, por exemplo.
Há inúmeras reclamações de falta de medicamentos em postos de Saúde. Que providência são possíveis de serem tomadas para que as queixas diminuam?
O problema dos remédios diz respeito diretamente à terceirizada Caminhos de Damasco, que tem contrato até dezembro para a prestação do serviço. Esta empresa tem deixado muito a desejar. Porém, já determinei à secretária de Saúde que toma as providências para garantir o abastecimento de remédios nas UBS (unidades básicas de Saúde).
Munícipes reclamam da falta de zeladoria em praças na região central. A reportagem confirmou algumas praças sem cuidados. Há dificuldade na execução desse serviço?
Não, a zeladoria está sendo feita, o problema é que o nosso efetivo de serviços urbanos é reduzido. Estamos criando a frente de trabalho, com 100 vagas, para atender melhor a cidade.
A passagem subterrânea Antonio Mandarano, junto à estação, passou recentemente por reforma, mas continua vazando água e recebendo críticas dos usuários. Há algum plano de sua gestão para aquele local?
A nossa secretaria de Obras está fazendo estudos para ver o que é possível fazer para resolver de vez os problemas daquele túnel.
Existem projetos de sua gestão para acessibilidade? Muitos apontam este como um ponto falho na cidade…
Para mim, isto é uma surpresa. Confesso que ainda não me chegou reclamação sobre acessibilidade. Mas, vou me antecipar, pedir aos responsáveis pelo setor que façam estudos para melhorar a acessibilidade.
Por qual motivo a senhora acabou com o Pró-Criança que, na opinião de inúmeros munícipes, atendia bem à população?
Na verdade, não acabei. Só mudamos de local, para o CEME, que é junto ao hospital. O Pró-Criança funcionava a base de horas-extras, não há como Poá pagar horas-extras na atualidade. E ficou até melhor, o atendimento ficou próximo ao hospital, o que facilitará em emergências.
Ao contrário de que o seu governo reclama, tem muita gente que acredita que a falta de verbas não é o principal problema da cidade e que Poá estava em melhores condições que Ferraz e Itaquaquecetuba. Quem está com a razão?
Olha, quem critica é a oposição. Toda vez que saio às ruas para conversar com as pessoas, eu explico sobre os problemas que estamos enfrentando. Elas mostram apoio, sabem que não dá para fazer milagres em oito meses. A realidade de Poá é outra hoje, tem que se ter atenção para isso; Poá jamais terá de novo aqueles R$ 150 milhões que perdeu no orçamento. Estamos trabalhando de mãos amarradas, pois tenho de cumprir o orçamento ainda do governo passado (de Gian Lopes). O meu orçamento será somente no ano que vem. Aí poderemos começar a fazer obras na cidade.
A senhora está sendo chamada por alguns de “prefeita mãos-de-tesoura” em razão dos cortes que está promovendo. Qual a dificuldade de seu governo em dialogar e explicar aos cidadãos as medidas que julga necessário tomar?
É o que eu digo, a oposição ao invés de checar a realidade, fica atrás de ‘fakes’ (notícias falsas). Venham aqui dialogar, ver no que podem ajudar. As portas estão abertas. Tive de tomar umas medidas impopulares. Mas é só criticar? Não, venha aqui dar as sugestões para melhorar. Quando assumimos, encontramos aqui uma caixa preta! Sabíamos que estava problemático, mas não imaginava o quanto.
Um munícipe fez cobrança de uma promessa sua de campanha. O hospital-modelo, ele diz, vai se tornar um pronto-atendimento. A sua administração propõe o que para o hospital municipal?
Eu gostaria de privatizar tudo. Sabe qual é o problema daquele hospital? É que gastamos de R$ 4 e R$ 5 milhões por mês ali. Quando pegamos aquele hospital, nem telhado tinha no segundo andar. Tive de isolar o segundo andar, para o pessoal poder trabalhar com dignidade.
Mas, qual a ideia de seu governo para aquele hospital?
Vamos fazer uma licitação para contratar uma OSS (organização social de saúde). Pretendo já começar com uma licitação na UPA (unidade de pronto-atendimento). A hora que a UPA estiver funcionando, nossa! Vai ser “show de bola” para nós. Hoje, tenho dificuldade com os médicos. Temos que ter, no mínimo, cinco médicos de plantão. Chega aos finais de semana, eles vêm com um monte de atestados, chega a ter um ou dois médicos no plantão; daí, um fica na emergência e outro para atender Covid que, graças a Deus, está diminuindo na região…, e tenho essa dificuldade de os médicos trabalharem. Não queremos a população desassistida. Mas, felizmente, nossa secretária de Saúde está trabalhando em cima do problema. Logo, teremos uma solução para o hospital.
Uma última pergunta, de um munícipe de Mogi das Cruzes. Quanto voltará a Festa das Orquídeas?
Isso depende de condições orçamentárias e não só da pandemia. Há outras prioridades. Enquanto não tivermos folga no orçamento, não resgataremos a Festa das Orquídeas.
E quanto à construção da outra alça do viaduto do centro da cidade que encontra-se parada? Moro naquele bairro e os problemas causados pela obra parada são muitos.
Obrigado pela sua participação Roseli, vamos solicitar uma resposta da prefeita neste sentido.
Vamos solicitar para a prefeitura, informações sobre esta obra.
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