PANC: DO MATO PRO PRATO - POÁ COM ACENTO
Panc são plantas alimentícias não convencionais
Nesta edição do Caminhos da Reportagem, que será exibido neste domingo (29), às 20h, pela TV Brasil, nutricionistas, chefes de cozinha, agrônomos e consumidores que priorizam a alimentação saudável falam sobre a diversidade das Pancs, o valor nutricional que elas oferecem e ensinam como preparar pratos saborosos utilizando essas plantas.
O termo Panc nos faz lembrar do Punk, um movimento de contracultura dos anos 1970. Mas o que o Caminhos da Reportagem vai mostrar são as plantas alimentícias não convencionais (Pancs), que nascem espontaneamente e podem ser encontradas em quintais, lotes e jardins.
Lepidium, caruru, beldroega, peixinho e azedinha são algumas das 351 espécies de Pancs catalogadas pelo biólogo Valdely Kinupp, o criador da sigla “Panc”. Ele é co-autor de um livro sobre essas plantas.
“A gente sistematizou informações das pessoas do passado, de etnias indígenas do Brasil, de conhecedores tradicionais do Brasil e do mundo que estava disperso em artigos, teses, dissertações, livros atuais, livros de cem, duzentos anos atrás”, diz Kinupp. Segundo ele, o palmito da bananeira e o miolo do mamoeiro, por exemplo, podem ser considerados partes alimentícias não convencionais de plantas convencionais.
A nutricionista Bruna de Oliveira faz diversos preparos com Pancs que encontra em seu quintal e até mesmo no bairro onde mora. Entre as receitas estão chutney de mamão maduro com palma, coração de bananeira em conserva e geleia de hibisco. Jemima Andrade é designer de interiores e também descobriu nas Pancs uma alternativa para compor a alimentação diária de toda a família.
As Pancs já são tema de aulas em cursos de gastronomia e também são usadas em pratos especiais servidos em restaurantes. O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Nuno Rodrigo Madeira ressalta o quanto os alimentos ainda são desperdiçados.
“Dos alimentos convencionais, o desperdício chega a 30%. Se a gente incluir as partes não convencionais, isso deve saltar para 40, 50% da comida que a gente não aproveita. De acordo com Nuno, estudos da Embrapa mostram que as Pancs são nutritivas: o caruru tem alto índice de proteína e a azedinha é rica em vitamina C.
Segundo o engenheiro agrônomo Athaualpa Costa, como as Pancs não acompanharam o processo comercial, surgiu certo preconceito com esses alimentos. “Comer mato é uma coisa que a gente come quando está sem dinheiro, é coisa de pobre: ‘Agora eu tenho dinheiro pra comprar uma alface, agora eu posso comprar um brócolis que é mais caro’. Então, esse processo de abandono total é que é o triste da história. Por que não conhecer mais, por que não buscar isso para o nosso cardápio diário?”.