Kleber Lazo

Abertura do espaço esportivo consumiu R$ 350 mil, enquanto que a campanha de vacinação antirrábica recebeu apenas R$ 3 mil em publicidade

A Prefeitura de Suzano gastou 11.000% a mais de publicidade com a inauguração da Arena Max Feffer do que com informações sobre a campanha de vacinação antirrábica. Enquanto a abertura do complexo esportivo consumiu dos cofres públicos R$ 350 mil, a vacinação recebeu apenas R$ 3 mil de investimento em publicidade.

A abertura da arena contou com ampla divulgação. De comerciais na TV a grandes outdoors financiados com verbas públicas. E neste valor não estão incluídas as despesas com cerimônia de abertura, que contou com uma partida com nomes importantes da modalidade que atuaram no time da cidade na década de 1990.

Por outro lado, a campanha de vacinação antirrábica, fundamental para a saúde pública do município, se quer teve um anúncio na TV e ainda houve denúncias de descarte de material impresso. Caixas com milhares de folhetos com orientações aos donos dos animais foram encontrados. Uma investigação sobre este caso está em andamento, após solicitação da Câmara Municipal.

“A publicidade institucional é muito importante em qualquer administração pública, porém, ela precisa ter um caráter de prestação de serviço e de transparência da gestão e não de promoção pessoal ou meramente marketing político”, afirmou o vereador Lisandro Frederico.

Outro exemplo do critério de publicidade usado pela administração municipal suzanense é o investimento no programa do Passe-Livre Estudantil, que beneficia os estudantes do município com a gratuidade no transporte público. Apenas R$ 15 mil foram destinados a esta iniciativa. Quatro por cento do montante investido na inauguração da Arena.

“Com a escassez de informações sobre o programa, muitos alunos perderam o prazo de inscrição do Passe-Livre”, lembrou Lisandro.

Na avaliação do vereador “é preciso que a Prefeitura invista, especialmente em campanhas de interesse social”. “É para isso que serve a publicidade institucional”, afirmou.

E há outros exemplos dos critérios adotados pela Prefeitura. As ações publicitárias para abertura da Unidade Saúde da Família (USF), do Jardim Brasil, custou R$ 50 mil. Os anúncios que “Suzano está em obras”, consumiu R$ 60 mil. A confecção das revistas que listavam obras e serviços da Prefeitura – muitas deles ainda sem funcionamento, recebeu R$ 130 mil. Quase meio milhão de reais, apenas com estes anúncios.

O vereador destacou a atenção da Prefeitura com as campanhas de vacinação contra a Poliomielite e contra a Febre Amarela, que tiveram investimentos menores que R$ 10 mil. “A campanha de castração gratuita de cães e gatos está em andamento e hoje temos um telefone para denunciar os casos de maus-tratos, mas nem mesmo um real foi investido nesse tipo de divulgação, que é de grande interesse social”, criticou Lisandro.

Transparência

Com o objetivo de exigir uma ação publicitária focada em benefícios sociais, Lisandro apresentou um projeto chamado “Publicidade Legal”. A ideia era obrigar a Prefeitura de Suzano a anunciar os custos de todo e qualquer anúncio.

“O uso das mídias para informar os cidadãos sobre os serviços que estão à disposição da sociedade e das obras públicas de melhoria da infraestrutura é legítimo e necessário, porém, usar dinheiro público para fazer propaganda política é uma prática condenável, moral e juridicamente”, avaliou Lisandro.

Mesmo sendo uma proposta que poderia gerar transparência aos gastos com publicidade, o projeto não foi aprovado. A iniciativa foi rejeitada por 7 votos a 11, durante a sessão desta quarta-feira (31/10). “Meu projeto foi rejeitado, mas continuarei trabalhando e cobrando para que a Prefeitura realize um trabalho focado na transparência”, disse Lisandro.

Confira os gastos da Prefeitura com Publicidade:

Inauguração da Arena Max Feffer: R$ 350 mil

Revista com obras ainda não inauguradas: R$ 130 mil

Anúncios da campanha “Suzano em obras”: R$ 60 mil

Inauguração da USF do Jardim Brasil: R$ 50 mil

Campanha do Passe-Livre: R$ 15 mil

Campanhas de vacinação contra a Polio e a Febre Amarela: R$ 10 mil

Campanha de vacinação antirrábica: R$ 3 mil

Campanha de castração gratuita: Sem investimento

Fonte: AI/Foto:Ricardo Bittner