SOB CHUVA FINA, FOLIÕES SE DIVERTEM EM BRASÍLIA - POÁ COM ACENTO
Ana Cristina Campos
Com uma mistura de músicas, bloco atrai público distinto
Sob uma chuva fina, os foliões do bloco Aparelhinho concentram-se na região central de Brasília, para o desfile hoje (4) à tarde. O bloco dá a volta no Setor Bancário Sul e espera arrastar 5 mil pessoas.
Desde 2012, o bloco desfila na segunda-feira de carnaval com a proposta de levar um som feito por DJs e com repertório que mistura músicas brasileiras e do exterior. Clássicos de carnaval do Recife, Rio de Janeiro, Salvador com músicas das bandas de fanfarra embalam os foliões.
“A gente faz a conexão do frevo com o ska jamaicano, da gafieira com o balkan que é uma música mais cigana do Leste Europeu, com as músicas de New Orleans. O Aparelhinho surgiu da brincadeira de fazer festa na rua”, conta Tiago Pezão, um dos três Djs que criaram o bloco.
A marca registrada do bloco era o carrinho de madeira feito a mão com espaço para abrigar as caixas de som, equipamento de iluminação e um gerador. Mas este ano, explica Tiago, o aparelhinho está em reforma e, para que o cortejo não deixasse de sair, o som será feito em um pequeno trio elétrico.
A professa de história Natália Louzada foi ao bloco com mais seis amigas fantasiadas com uma paródia do fenômeno do bitcoin (moeda virtual). “Com a visibilidade que a moeda ganhou, a gente fez essa brincadeira”, diz. Ela conta que o grupo acompanha o Aparelhinho há três anos por causa da seleção musical.
Natália Louzada e as amigas estavam com adesivos do “Não é Não” no braço. Ela avalia que a lei que torna crime atos de importunação sexual é muito importante. “Para qualquer mulher, sair no carnaval é um temor. Queremos marcar, sim, a conquista e delimitar o respeito ao nosso corpo”.
Pela primeira vez, o carnaval está sob a vigência da Lei 13.718/2018 que torna crime atos de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro.
Vestido com uma fantasia de boneca Japa Girl dentro da caixa, o fotógrafo Kazuo Okubo curtia o bloco acompanhado da esposa e de amigos. Ele conta que frequenta o Aparelhinho há quatro anos por ser um bloco que reúne público “muito de paz e amor, sem briga”. A fantasia de “bonecucha” é uma homenagem a sua descendência oriental “com muito orgulho e com sangue brasileiro que adora carnaval”.