Jornalistas debatem a cobertura jornalística da quebrada - POÁ COM ACENTO
Por João Garcia, Por Jorge Kolenyak e Talita Barbosa
Kaique Dalopola, do Visão do Corre, e Amauri Gonzo, da Ponte Jornalismo, falam sobre periferias e direitos humanos na terceira noite da Semana de Jornalismo
A terceira noite da 7ª Semana de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, dia 10 de maio, contou com a presença de Kaique Dalapola, do Visão do Corre, do portal Terra, e do Amauri Gonzo, da Ponte Jornalismo para conversar sobre Jornalismo da quebrada. A noite teve apresentação dos alunos Vitor Martins e Gabriel Campos e mediação da aluna Thauane Blanche.
A troca de ideias começou com os Kaique e contando um pouco de suas trajetórias que tem em comum a Ponte Jornalismo, a cobertura de direitos humanos e das periferias.
Kaique Dalapola é editor do Visão do Corre do Portal Terra. Morador do Grajaú, zona Sul de São Paulo, ele acredita que o jornalismo “é uma ferramenta para transformar realidades”. O jornalista contou que a motivação para participar da Semana do Jornalismo é o amor que tem pela profissão. “Eu curto muito trocar ideias com os alunos. Eu não pensei duas vezes quando me chamaram.”
Amauri Gonzo, editor da Ponte Jornalismo, elogiou a escolha do tema para o bate papo com o seu colega de profissão Kaique Dolapola. “Hoje em dia o Jornalismo não pode deixar de olhar as periferias.” De acordo com ele, o Jornalismo efetivamente vai deixar de ser relevante se não olhar o que acontece fora dos centros urbanos.
O outro lado
Segundo Kaique o jornalismo da quebrada vem influenciando a vida das pessoas com as denúncias que são feitas diariamente. “O jornalismo na quebrada é ouvir a galera que está na comunidade”, destaca o jornalista que aos 13 anos abriu uma comunidade no Orkut para postar entrevistas com pessoas de torcidas organizadas de futebol.
No jornalismo de quebrada o que prevalece é a versão de quem estava lá, dos familiares, das incompatibilidades dos fatos com a versão da polícia. “Por que a palavra de um policial que está diretamente envolvido em um assassinato pesa mais que a versão da família e amigos da vítima? Ojornalismo que eu acredito é o que ouve o institucional, mas também ouve vítima”, diz Kaique.
Já Amauri afirmou que na Ponte a grande preocupação é que os direitos humanos sejam respeitados. “A Ponte tem a missão de contar pelo lado da vítima. Como, por exemplo, uma banalidade, que é caminhar de boné dentro da sua quebrada, e isso pode gerar um enquadro[abordagem policial] extremamente abusiva ou mesmo uma prisão.”
Por isso, segundo eles, a importância do jornalismo que cobre periferias, direitos humanos. O jornalismo periférico veio para mudar a realidade que estávamos habituados a ler diariamente, divulgando a realidade da quebrada para os moradores e que também seja atrativa para as pessoas que estão de fora das comunidades.
Visibilidade e audiência para a quebrada
O Visão do Corre vai evidenciar as potências da quebrada, as mudanças culturais, o empreendedorismo. Kaique explica que “a ideia é trazer o conteúdo de quem já produz na quebrada, divulgando as potências que temos. No Visão do Corre, essa plataforma alternativa do Terra, damos visibilidade que a grande mídia não oferece”.
A audiência também esteve em pauta. O editor do Visão do Corre, diz que é importante, eles querem muitos views, que ajuda quem está produzindo o conteúdo. Mas ressalta que o foco é escrever para quem está na quebrada, para que eles possam ver seu trabalho chegar longe e alcançardiversos locais.
“A audiência é muito menos importante para gente que soltar um jovem preso injustamente, nosso jornalismo foi feito para ter impacto na realidade social”, diz o editor da Ponte Jornalismo.
Reflexões sobre o jornalismo
De acordo com Antonio Assiz, coordenador e professor do curso de jornalismo, o evento é muito importante para os alunos pois é o momento que toda as atividades na universidade param para uma reflexão sobre a profissão de jornalista. “Essa sétima semana do curso de jornalismo que tem como tema este ano Jornalismo em defesa da democracia.” O professor afirma que o tema escolhido é um pronunciamento que o curso faz para toda comunidade a fim de fortalecer a democracia.
Marcos Zibordi, professor e editor é absolutamente relevante conversar com jornalistas que cobrem periferiaspara entender melhor o ecossistema do jornalismo. “Não é só a grande imprensa e não é só o independente. Hoje você tem o Visão do Corre que é um portal de periferia dentro de um grande veículo de imprensa.”
A sétima semana de Jornalismo vai acontecer até sexta-feira, dia 12 de maio com mesas de debates e oficinas.
Fonte: Código AUN / Foto: Caio Luz / Gabriela Marques
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