Por Aéssio Ramos Pinto

Poá, SP – Nesta semana, a Prefeitura e a Acip, Associação Comercial e Industrial de Poá, divulgaram que fizeram uma parceria, segundo eles, para “fomentar e impulsionar a retomada econômica de Poá”. E a forma encontrada para isso acontecer é colocar os empreendedores em linhas de crédito do Banco do Povo Paulista, ou seja, fazer financiamentos para capital de giro e investimento fixo.

Essa parceria pode ser inédita, mas a solução apresentada, linha de crédito, é sempre a mesma coisa. O pior é que não é isso que os comerciantes querem. Aliás, o comércio nem foi citado no discurso do presidente da Acip, que fez referência apenas à classe empresarial.

A Acip mostra com essa atitude que está completamente afastada do pensamento do comerciante poaense, existe um abismo entre Acip e comércio. Ninguém quer linha de crédito. Os comerciantes mal estão conseguindo pagar aluguel, prova disso são as muitas lojas fechando na cidade. Basta dar uma volta pelas ruas para ver a quantidade de salões para alugar. Ruas centrais que outrora tinham comércio forte hoje estão às traças, como é o caso do início da 9 de Julho, na Praça do Relógio.

Vagas de estacionamento nas proximidades da Praça Rui Barbosa eram raríssimas, hoje estão sempre vazias, talvez pela alta taxa de Área Azul cobrada. Por que está sendo ignorada a verdadeira situação do comércio poaense? A começar pelos aluguéis absurdos cobrados pelos proprietários de prédios, alguns velhos e sem manutenção, que chegam a mais de 40 mil mensais. Poá vale isso?

Uma cidade abandonada, suja, cheia de lixo e entulho nas calçadas quebradas e cheias de buracos. Uma iluminação fraca que deixa a Avenida 9 de Julho na penumbra à noite. Camelôs tomam conta das praças e calçadas, não sobrando nem espaço para o povo passar. Noias e mendigos por todo canto, roubando transeuntes, lojas e casas. Assaltos acontecendo a todo momento, deixando a todos inseguros. Qualquer chuvinha inunda as ruas. Em meio a todo esse caos, os comerciantes tentam manter abertos seus negócios sem nenhum apoio por parte da Prefeitura e da Acip.

O que os comerciantes querem é uma cidade limpa e organizada, calçadas desimpedidas, boa iluminação, segurança nas ruas, com a presença de policiais e viaturas, as quais nunca são vistas. E estímulos para atrair os consumidores. Datas comemorativas passam sem nenhuma participação da Acip, que não sabe trabalhar essas datas. Como exemplo, o último Natal triste e apático em Poá, sem iluminação, decoração, eventos, nada, enquanto Suzano deu um show enfeitando praças, com a chegada de Papai Noel, festas no parque Max Feffer e até carreata da Coca-Cola.

Outra questão que impede o crescimento comercial é o alto preço dos aluguéis. Os proprietários não podem querer ficar ricos à custa de aluguéis, precisam ser sensatos e colocar valores dentro da realidade de Poá. E isso se aplica também ao aluguel residencial. Um pequeno apartamento não pode ter um aluguel de 4 mil reais como está acontecendo.

Quanto à Acip, não pode ser apenas uma associação em prol da classe empresarial. Precisa conversar com os comerciantes, ver as dificuldades e os problemas que estão enfrentando por causa da falta de estrutura da cidade. E não, não é uma linha de crédito que vai resolver. Que Prefeitura e Acip revejam seu posicionamento muito raso em relação ao comércio e apresentem soluções realmente efetivas e não conversa fiada.

Aéssio Ramos Pinto é editor do Jornal Novo São Paulo, e Rádio Estância de Poá.

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