Por Sergio Rodrigues

O papel de um líder é saber ouvir pessoas, no entender do pastor da Assembleia de Deus Oséias da Silva Santos, que assumiu o mandato de deputado estadual, na semana passada

Em sua primeira eleição que disputou, ele conquistou uma vitória histórica: 137.205 votos, nada mal para um “outsider” da política tradicional. “A gente vem de um trabalho por indicação da Igreja, consolidando há um tempo e reconhecendo sempre o papel fundamental que a igreja desempenhou em nosso sucesso; com o juntar de líderes, que puderam fazer da gente um deputado com esta boa votação. Destaco aqui que tenho lealdade para com a Assembleia de Deus e seus membros”, disse ele.

Está-se falando do deputado estadual Oséias da Silva Santos (PSD), mais conhecido como “Oséias de Madureira”, o ministério da Assembleia de Deus, do qual é um dos vice-presidentes.

Citando a importância da ordem religiosa da qual é integrante e um dos líderes, o novo deputado explicou que a construção de sua candidatura começou muito antes de ele se imaginar candidato a um cargo eletivo. No entanto “a consolidação veio de fato dentro já da nossa campanha a deputado”, explicou Oséias.

O Poá Com Acento teve uma conversa com o deputado, que revelou um forte compromisso em carregar as pautas de sua igreja, além do perfilamento ao líder da AD-Madureira, bispo Samuel Ferreira. No entanto, frisou que foi eleito para ser um deputado eminentemente “estadual”, e que estará trabalhando em pautas fora do âmbito da igreja, “no melhor interesse do povo paulista”.

O senhor marcou o seu primeiro voto na Casa, em favor do deputado André do Prado (PL), eleito como o presidente da Mesa Diretora.

OSÉIAS DE MADUREIRA – Tudo vem de uma construção que o próprio André fez na Casa (a Assembleia Legislativa). Estou chegando com tranquilidade e convicção nas minhas posições. Entendi que ele era o melhor nome para o momento, tanto que venceu de forma esmagadora. Acredito que ele fará um mandato de sucesso.

Em seu juramento de posse, o senhor citou de forma enfática o nome do líder Samuel Moreira e disse que seu mandato é da igreja. Explique isso melhor…

O bispo Samuel Moreira teve uma importância total em nossa conquista. Deus usa métodos, usa pessoas; acredito que ele usou o bispo Samuel, primeiro para me enxergar como liderança na igreja, e depois ao indicar o meu nome para ser candidato. Quando fiz meu juramento, de forma racional e convicta, fiz questão de citar o bispo Samuel, pelo papel de liderança que ele tem, por confiar em meu nome.

Mas, o senhor pretende legislar para dentro da Igreja?

Não, trabalharei para todo o Estado. No entanto, terei especial dedicação ao nicho da igreja que me elegeu, a ‘nação Madureira’, que tem o seu líder, o bispo Samuel que me apoiou e que é um pai para mim. Assim será até o fim do meu mandato, se Deus quiser.

Agora o senhor é um deputado em pleno mandato. Qual a meta inicial de trabalho?

Sou uma pessoa que sei viver as etapas; a etapa da consolidação do nome, a etapa da conscientização e a da própria campanha. Aí, ganhamos a campanha há seis meses e venho para cá agora para exercer o mandato com muita convicção. Você me pergunta qual o primeiro projeto. Ele vai acontecer, temos alguns pontos aonde iremos trabalhar; temos a área familiar, que é a base, temos a área da nossa defesa. Lembre-se sempre, a Igreja não precisa de defesa, quem a defende é Deus. Porém, existem interesses da igreja que precisam ser por ela lutados, então, este será sem dúvida o meu ‘carro padrão’ disso tudo. Porém tem outros pontos no qual trabalharemos, na questão dos autistas, dos deficientes físicos, a saúde, a família, o transporte. A gente vai atuar sem afobamento, mas com pressa naquilo que se precisa fazer.

Isso nos remete à próxima pergunta. Como será a sua atuação para fora da Igreja?

A igreja é o meu ponto forte, mas sou deputado do estado e preciso atender às necessidades, então receberei prefeitos, receberei vereadores, todos aqueles que precisam de um apoio sólido do meu mandato. As portas estarão abertas a todos e todas as questões que requeiram apoio parlamentar, do deputado.

Em sua biografia, o senhor se diz nascido em Mogi, e que fez a vida em Poá. No entanto, não é reconhecido como um deputado do Alto Tietê. Como pretende ter presença na região, pela qual diz ter um carinho especial?

No ano passado, recebi o título de ‘cidadão Poaense’. Veja, é impossível falar da minha história sem passar por Poá. Claro, não só pelo título, eu me considero um poaense – minha palavra de gratidão aos vereadores, ao Pernoca (então, presidente da Câmara) em especial. Minha história é construída lá, meus pais moram lá, minha vida foi lá, comecei a estudar lá, os princípios adquiridos na minha vida, foram todos de lá, meu ministério na igreja começou em Poá. De uma forma muito inconsciente, eu ia às sessões da Câmara de Poá. Inclusive, a especial homenagem que quero fazer hoje é a uma pessoa que já não está mais entre nós, que é o Américo Franco, por quem tive um carinho muito grande, à sua esposa. Tenho certeza que se ele estivesse vivo, estaria aqui comigo. O doutor José Calil, que era vereador (e que emprestou o nome da rua da Câmara), e a sua esposa, que foi minha professora, também. Então, é impossível não passar a minha trajetória por Poá.

Neste aspecto, sou alguém que vai trabalhar pelo Alto Tietê. Não tenha dúvida disso. Vou estar visitando a região e terei olhos para lá, com certeza.

O senhor ganhou a eleição num país polarizado, com a posição da Igreja evangélica ficando em cheque por haver tomado partido em um lado da disputa política.

Passada a eleição, a polarização continua. Todavia, parece que a classe política tem a consciência de que este é um novo momento.

Como o senhor enxerga o estágio atual? A gente não pode deixar de entender a polarização, mas há um novo momento. Aí nós, políticos, temos que ter muita responsabilidade. A minha torcida é que isso seja focado (sic) para o bem do país. Quem não pode sofrer é o Brasil, a população. Que haja dignidade, integridade e muito trabalho em prol da população.

Foto: Adilson Santos / Ângulo Produções / Redes Sociais

 

 

 

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