Dois atores sociais buscam parceria para ALESP e Câmara Federal

Na campanha eleitoral 2015-2016, João Dória (PSDB) surgiu como um “outsider” na política, falando em um novo paradigma, “gestão”: a nova ‘pegada” lhe rendeu popularidade e a prefeitura de São Paulo. Em 2022, Dória saiu da cena política por lhe faltar um complemento, que se exige cada vez mais hoje em dia (gestão ele tinha, faltava-lhe a sensibilidade social). Neste ano, disputam-se eleições parlamentares, uma oportunidade para discutirmos – num círculo mais íntimo e mais circunscritos aos interesses das populações do Alto Tietê, a escolha de representantes para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados.

Na semana passada, a Poá Com Acento acompanhou o périplo de um pré-candidato da casa” com este perfil gestor – e foi ouvir o que ele tem a dizer. Rubens de Souza, do partido Solidariedade, mais conhecido como Rubinho, é um exemplo de proficiência na gestão, todavia sua trajetória carece de ser melhor conhecida – umas das razões por ele buscar formar uma base de apoio em sua região de origem – o Alto Tietê.

Rubinho foi secretário de Transportes aqui em Poá e secretário de Desenvolvimento (Indústria e Comércio) em Ferraz de Vasconcelos. No comendo do Transporte em Poá, foi em sua gestão que foi criado o Passe Livre Estudantil, enfrentando a resistência da permissionária que há muito domina o transporte coletivo municipal na cidade – a Radial Transportes.

Não apenas na questão do transporte gratuito a estudantes, mas ele também estabeleceu um padrão de cobrança na prestação do serviço de transporte aos cidadãos e regulamentou a prestação de contas para evitar desvios do Passe Livre, que foi implantado pelo seu sucessor. Sua boa trajetória foi interrompida por um forte lobby de políticos em prol da empresa e Rubinho deixou a secretaria indicando um novo caminho a seguir.

Em Ferraz de Vasconcelos, sob a gestão de (MDB), em 2016, a frente da secretaria de Desenvolvimento, Rubinho estabeleceu parcerias com empresas no cuidado a logradouros públicos e iniciou um trabalho de formalização e organização dos vendedores ambulantes da cidade que, se fosse seguido à risca pela gestão sucessora, de Zé Biruta, a partir de 2017, a questão dos ambulantes já estaria equacionada há tempos na cidade.

Rubinho é atualmente um dos empresários mais representativos do empreendedorismo social, a frente do Instituto Raízes do Brasil, que atua na região metropolitana de São Paulo, tendo sob sua responsabilidade projetos de ponta na seara da gestão pública.

Uma das vitrines é o Barueri Esporte Forte – projeto de massificação do esporte popular e geração de atletas em diversas modalidades esportivas, da municipalidade Barueri – município que dispensa apresentações em qualidade de vida e de serviços públicos.

Além deste, o Raízes sustenta programas de evolução escolar, acolhimento a crianças e adolescentes, qualificação educacional e profissional. Pelas salas de aulas e oficinas do Raízes, já passaram mais de 40 mil alunos e parceiros.

Tanta experiência rendeu a Rubinho primeiro o incentivo e depois alguns convites a participar da eleição buscando uma vaga de deputado federal. O mais convidativo, segundo ele, foi o do partido Solidariedade. “Encontrei lá as condições ideais para tentar esse novo passo.

Para disputar um pleito estadual, não basta ter conhecimento e coragem, mas de um partido que lhe ofereça a estrutura necessário para ser competitivo – seja ela material ou econômica”, explicou ele sobre a preferência pelo Solidariedade.

Por trás desta história de boa gestão está um homem que se notabilizou por ter um olhar aguçado para a necessidade de se promover políticas públicas voltadas para o empoderamento de pessoas e famílias com baixa renda, moradores de comunidades e a população situada na margem da pobreza. De resto, o que tem feito em toda a sua trajetória profissional – que se mistura ao social.

Rubinho visitou Poá e Ferraz de olho nas amizades e contatos que tem nas duas cidades – e apoiadores, que não são poucos. Trouxe consigo a sua virtual maior parceria que deverá carregar durante a campanha deste ano, outra craque em gestão pública, a ex-secretária de Assistência Social Edy Santos, na cidade de Embu das Artes.

Ele tenta pela primeira vez, ela já foi deputada federal suplente por quatro meses, na Câmara dos Deputados. “Edy será uma grande parceira nesta nossa trajetória, a minha luta de vida se coincide com a dela. Buscamos acima de tudo melhorar a vida das pessoas, pois entendemos a complexidade e as diferenças existentes na sociedade brasileira”, discursou ele.

A novidade introduzida por Rubinho em sua primeira tentativa em nível estadual é o projeto do mandato coletivo. Desde que iniciou a caminhada, ainda no ano passado, ele vem reunindo em torno de si personagens com densidade política em diversas regiões de São Paulo e em municípios da Grande São Paulo e Interior. “Queremos construir um mandato em que todos os parceiros da iniciativa participem das decisões, que serão tiradas em conjunto”, explicou.

A ideia é multiplicar este trabalho também para as eleições municiais de 2024, aonde o projeto coletivo irá indicar candidatos a vereadores do grupo em diversas cidades. Mas tudo passa por 2022. O primeiro passo será eleger o “Coletivo Raízes”, nome do projeto de Rubinho aqui no Estado e a parceira Edy Santos lá em Brasília.

A missão não é impossível. Por conta da polarização entre o presidente Bolsonaro e o PT de Lula, o tabuleiro da disputa para deputados sofreu uma mexida e as oportunidades foram ampliadas. Ainda restam 3 meses e meio para a data de votação, motivo pelo qual Rubinho volta-se para a sua região de origem – com o olhar no timing eleitoral, ele sabe que a abertura para novas candidaturas no Alto Tietê vai favorecer quem trabalhar com qualidade.

Nada estranho para ele, que conhece a fundo o ‘andar de cima’ e o ‘andar de baixo’ da sociedade brasileira. Tudo é uma questão de proximidade com o eleitorado. Na medida em que o projeto do mandato coletivo vai sendo entendido, vai agregando mais pessoas interessantes. Talvez aí esteja o trunfo para uma dupla que tende a crescer a partir dos votos das periferias.

Fotos : Adilson Santos / Ângulo Produções

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